Princípios de Investimento em Empréstimos P2P
Como qualquer pessoa, tenho cometido muitos erros. Como faria caso começasse de novo? As minhas escolhas seriam de facto muito diferentes da realidade do meu portefólio.
Que critérios seguir?
- Segurança. Uma das formas de assegurar a devolução do capital é através do investimento em Plataformas P2P que ofereçam Garantia de Recompra. Mas atenção! Garantias de recompra, fundos de garantia ou outros tipos de garantias não são verdadeiras garantias, uma vez que estão inteiramente dependentes da entidade que as assegura;
- Juros Elevados. Empréstimos P2P são investimentos de elevado risco. Como tal, quero assegurar o Retorno Mínimo que justifique esse risco. Uma forma de o fazer é apenas investir em empréstimos P2P que ofereçam uma taxa de juro superior a 12% ao ano;
- Liquidez. Um dos aspectos mais importantes é conheceres a forma como podes aceder ao teu dinheiro. Quão rapidamente o podes desmobilizar? Deste modo a possibilidade de Venda Antecipada é crítica. Mas tem os seus riscos. Algumas plataformas oferecem opção de recompra a troco de uma penalização, outras oferecem um mercado secundário. Mas regra geral, tens prejuízo se optares por desmobilizar antecipadamente as tuas poupanças;
- Oferta de Bónus & CashBack. Quero maximizar oportunidades de bónus ou cashback, sempre que tal for possível (podes encontrar estas ofertas na página de Cashback & Bónus);
- Diversificação. Distribuir os fundos com base em tipo de empréstimo, geografia, maturidade e principalmente… Plataforma P2P. Mas esta opção tem mostrado muitas falhas, como provam todas as plataformas que já me fizeram perder dinheiro.
A minha Estratégia de Poupança & Investimento
A decisão de investir as tuas poupanças deve ser sempre feita numa base de consideração cuidada e prudente, com um ajuste claro ao perfil de risco pessoal. Aqui podes encontrar alguns elementos que me ajudam a organizar as minhas finanças pessoais.
- “Paga-te a ti mesmo primeiro”.
- Começa a poupar o mais rapidamente possível.
- Define os teus objectivos de investimento e uma estratégia..
- Avalia o risco dos teus investimentos.
- Diversifica os teus investimentos.
- Mantêm os teus investimentos.
- Reinveste os juros ou dividendos que recebes.
- Mantêm um olhar atento na inflação.
- Reduz o peso dos impostos.
- Avalia custos de transação e processamento.
“Paga-te a ti mesmo primeiro”
A ideia chave neste conceito é assegurar que antes de fazeres qualquer pagamento a outros, fazes a tua transferência para a poupança primeiro, com base nos teus objectivos pessoais, todos os meses. Esta acção remove a tentação de simplesmente gastar o dinheiro em tantas outras escolhas que não a poupança. Contribuições regulares e consistentes são a pedra basilar na construção de um caminho de independência financeira.
Desde que pela primeira vez recebi um cheque, coloquei sempre de lado uma quantia fixa para a poupança. Mesmo com todas as más decisões que tomei, esta é uma regra de ouro para mim.
Começa a poupar assim que possível!
Quanto mais cedo começas a poupar, mais rapidamente vais observar o incremento no retorno que consegues.
Neste gráfico podes observar como evolui a progressão de crescimento de poupanças e o impacto do tempo no resultado final. Assume que cada pessoa poupa 10 mil euros anualmente e que ambas conseguem um juro composto de 5% anuais no sumatório dos seus investimentos. A única diferença entre os dois é o tempo durante o qual cada uma das pessoas realizou poupanças. A Pessoa B, que começou a poupar aos 35 anos irá obter 43.219 euros. Em comparação, a Pessoa A, que começou o seu portfólio com 25 anos irá ter 70.400 euros quando atingir os 65 anos. Uma diferença de valores drástica directamente associada ao factor tempo.
Define os teus objectivos de investimento
Precisas de saber o que fazer com as tuas poupanças. O primeiro passo para investir é definir objectivos realizáveis e passíveis de serem avaliados. É útil perguntares a ti próprio: “Porque quero investir?” Existem muitos objectivos, por isso pensa profundamente sobre o que desejas fazer com esse dinheiro no futuro.
Estás a poupar e investir para:
- Pagar o teu casamento?
- Ir de férias?
- Guardar dinheiro suficiente para lançar um negócio?
- Gerar mais valias para teres uma reforma tranquila?
A seguir, organiza os teus objectivos numa linha temporal de concretização: curto prazo, médio prazo e longo prazo… e decide a quantia que idealmente necessitas para cada um dos objectivos.
Com esta informação estás pronto para o próximo passo.
Estratégia de Investimento
Em relação à estratégia, precisas de opções que te ofereçam retornos elevados com baixo risco. A minha estratégia pessoal conta com os seguintes elementos de ponderação:
- Reservas de curto prazo: o suficiente para assegurar as despesas familiares pelo período de 6 meses;
- Reservas de baixo risco e elevada liquidez: o suficiente para suportar as despesas familiares pelo período de 1 ano;
- Portfólio de investimento em janelas temporais acima de 1 ano para maximizar retornos e diversificar risco.
A ideia por detrás desta estratégia é assegurar que qualquer emergência financeira familiar pode ser ultrapassada sem necessidade de mexer no portfólio de investimento que é gerido sem pressões ou necessidades de curto prazo.
Avalia o risco dos teus investimentos
A maioria das pessoas não corre riscos na sua vida do dia a dia, mas quando se trata de investir poupanças, assumir algum risco pode garantir mais valias significativas. Precisas de escolher o nível de risco com o qual te encontras confortável e ter a capacidade de resistir aos erros que eventualmente irás cometer pelas decisões que tomaste.
Diversifica os teus investimentos
“Não coloques todos os teus ovos num único cesto.” A ideia aqui é criar um portfólio que inclua vários tipos de activos e investimentos de forma a reduzir o risco para o portfólio como um todo, caso um activo em particular tenha uma penalização. Considera, por exemplo, um investimento que consiste em empréstimos gerados por uma única empresa de empréstimos. No caso de que essa empresa sofra um problema sério, o teu portfólio vai assumir a totalidade do problema que a empresa tem. Se, em alternativa, distribuires os teus investimentos entre empréstimos de várias empresas distintas, reduzes de forma significativa os riscos para o teu portfólio.
Mantém os teus investimentos
Manter os investimentos é uma estratégia na qual tu comprometes as tuas poupanças por um longo período de tempo independentemente de necessidades pessoais momentâneas. Considera esta estratégia quando definires a tua estratégia de investimento pessoal.
Reinveste os teus retornos
Esta ideia assume que todos os rendimentos dos teus investimentos: juros, dividiendos e ganhos de capital vão ser adicionados ao valor do investimento inicial e, deste modo, gerar retorno adicional pelo simples facto do investimento ser maior ao longo do tempo. Por mais simples que esta ideia possa ser, tem efeitos brutais nos retornos gerados a partir das tuas poupanças no acumular do tempo.
Presta atenção à inflação
Apenas deves considerar investimentos que assegurem um desempenho capaz de superar os efeitos do crescimento dos preços na economia (inflação), caso contrário, a valorização do teu portfólio será ficcional e incapaz de manter o teu poder de compra. Por exemplo, caso a inflação dos últimos 3 anos tenha sido 3%, e encontras-te a planear fazer um plano de poupança a longo prazo, procura apenas investir em empréstimos que te assegurem um retorno superior a 3% ao ano.
Reduz o peso dos impostos
Um dos factores que maior influência tem no retorno dos teus investimentos são os impostos. O efeito dos impostos em investimentos de longo prazo pode ser tão importante como o próprio investimento. É importante considerar o impacto fiscal quando avalias investimentos. Um produto de alto retorno que apresente um imposto elevado pode ser uma escolha pior quando comparado com um produto que apresenta retorno inferior, mas vantagens fiscais.
Impostos em Portugal
Sugiro sempre consultar um contabilista pois as respostas nas finanças não são unânimes e é possível existir uma melhor optimização fiscal para cada caso pessoal.
Ainda assim, apresento a forma como faço a declaração de IRS.
Primeiro, é preciso entender se a plataforma de empréstimos P2P faz retenção de imposto ou não, vamos apresentar três casos:
- Caso A – A plataforma faz retenção: o imposto é retido pela plataforma e entregue ao estado pelo que não tens de incluir qualquer valor na declaração de IRS.
- Caso B – A plataforma faz retenção com base no país de origem do promotor do empréstimo: nestes casos é necessário informar o valor do imposto pago no estrangeiro.
De seguida deverá ser incluída uma linha por cada projeto no “Anexo J – Rendimentos Obtidos no Estrangeiro”, tabela “8ª – Rendimentos de capitais”. Nesta linha deverá ser identificado o valor ganho em Juros que vem na declaração da plataforma como “E21 Juros sem retenção em Portugal” e colocar o valor da retenção no campo de imposto pago no Estrangeiro.
- Caso C – A plataforma não faz retenção de impostos: nestes casos, em especial quando a plataforma P2P não tem sede em Portugal, deverá ser incluída uma linha na mesma tabela 8A mas com o código “E22 – Outros rendimentos de capitais sem retenção” com o valor dos juros obtidos durante o ano a que se refere a declaração.
Mais uma vez, a informação apresentada não constitui aconselhamento vinculativo, pelo que sugiro o contacto com um contabilista.
Avalia custos de processamento e transações
Quando considerares a rentabilidade que qualquer investimento, um dos factores a considerar e que normalmente não é considerado são as comissões aplicadas a cada produto, tanto explícitas (manutenção, levantamento, reembolso) e implícitas (comissões de gestão, transações financeiras). Procura sempre minimizar o seu impacto de forma a maximizar os teus retornos.