2012 – Confiar na Pessoa Errada & Todos os Ovos na mesma Cesta
Quando recebi o meu primeiro salário, imediatamente comecei a poupar uma quantia fixa de forma regular para o futuro. Naquele momento não tinha qualquer ideia de como investir e por isso a minha escolha foi a mesma de tantas outras pessoas: conta poupança e certificados de aforro.
A instabilidade financeira provocada pela crise financeira de 2008 levou a que o preço do ouro desse um salto de cerca de €550 por onça para mais de €1,000 por onça em 2010. Naquele momento, eu partilhava a minha vida com uma pessoa que mantinha laços familiares com proprietários de uma loja de compra de ouro. Este é um negócio que, dada a sua natureza, necessita de grandes quantidades de dinheiro. Dada a oportunidade, a minha namorada começou a gerir as minhas poupanças usando-as para criar um acordo de empréstimo familiar com a empresa em condições muito vantajosas. A família dela respeitou o acordo, ela não me respeitou a mim. Tendo confiado inteiramente na minha parceira, nunca imaginei que estava a ser roubado. Perdo todas as minhas poupanças até 2012.
Foi um erro e uma lição muito dispendiosa, mas no processo vi-me livre de uma relação tóxica e dessa forma encontrei uma nova relação que me trouxe felicidade.
2016 – Comprar um Carro a Crédito
Em 2012 estava falido, mas feliz. Conheci a minha esposa e juntos começamos a poupar dinheiro para o nosso casamento. Contudo, tínhamos a necessidade de comprar um carro. O meu velho FIAT Punto já estava incapaz de suportar uma viagem mais longa e tomámos a decisão de encontrar uma alternativa. Pior de que saber que carros são uma fonte interminável de despesas, foi chegar à conclusão que apenas o poderíamos fazer recorrendo a crédito. Para diminuir os riscos, decidimos comprar um carro usado, procurando negociar o pagamento mensal tendo em consideração o custo total de aquisição do veículo e os nossos vencimentos. A partir do momento em que o contrato de crédito foi assinado, a prioridade passou a ser pagar o crédito no mais curto espaço de tempo possível, mas no processo, as nossas poupanças foram mais uma vez delapidadas.
Para complicar a equação, o meu velho FIAT acabou por ser roubado no final de 2017. Tendo aprendido a lição, desta vez procurei um carro usado que fosse capaz de responder às minhas necessidades, mantendo custos de consumo, manutenção e seguro baixos… e comprei sem recorrer a crédito.
2019 – Platformas P2P Fraudolentas: Kuetzal & Envestio + Grupeer & Monethera
Em 2018 comecei a organizar os meus esforços para poupar & investir. Empréstimos peer-to-peer surgiram como a forma mais fácil e simples de ganhar dinheiro com as minhas poupanças. Após um ano com investimentos concentrados em duas plataformas principais, Mintos e Viventor, decidi mudar a minha estratégia de investimento para empréstimos a empresas. Entre as plataformas P2P que escolhi para isso estavam fraudes: Envestio e Kuetzal (Janeiro 2020) + Monethera e Grupeer (Março 2020).
Olhando para trás, as indicações negativas da Kuetzal eram demasiado visíveis para ignorar, mas eu fui demasiado ávido e deixei-me enganar pelas explicações mais estúpidas que me foram apresentadas em pessoa durante a Conferência P2P 2019 em Riga. De igual modo a Envestio, com a sua performance de pagamentos perfeita por um período tão longo de tempo era demasiado boa para ser verdade.
No final de 2019 as plataformas colapsaram. Ficou evidente que a maioria das operações realizadas por estas plataformas P2P eram fraudolentas e milhares de investidores (eu incluído) perderam as suas poupanças. Decidi associar-me a grupos de investidores de ambas as plataformas que actualmente se encontram a procurar recuperar parte dos fundos, mas não tenho ilusões e apenas desejo obter justiça para as pessoas responsáveis por estas fraudes.